quinta-feira, 27 de novembro de 2008

com laço com fita

não conte comigo
flor de água
sem abrigo
flora maluca
pessoa caduca

na caixola o pensamento
não pude parar
se foi com o vento

o vento leva e trás
as flores dançam
e esse amor não se desfaz

a loucura é uma dança
uma dança bonita
gira no palco
com laço com fita

não existe palco
não existem regras
vai pro alto
desce
não tem limites

a chuva lava
a chuva constrói
a chuva mata
a chuva destrói

a vida é essa
estamos aqui
vivemos isso
e logo podemos sorrir


rcp

quando for levarei chuvarada

meu peito apertado
vento e chuva
dentro fora da cabeça
amor desgraçado

doces noites
tornam frios os dias de sol
te vejo sorrir
e vejo chorar
você é meu céu meu sol meu mar
não podes partir
não vais me deixar

me sinto bem
me sinto mal
não sei da tua dor
tento entender-me
não conheço esse amor

não vejo mais nada
estou cega
estou seca
estou molhada

gotas de água
escorrem pela face
chove em baixo do guarda-chuva
molha por baixo da pele
o amor dói
o amor fere

falo de mim
penso em mim
sou a única pessoa que conheço
não fale de ti
não sei seu endereço

nada existe
nada é certo
nada é errado
nada na água sem fim
as águas que caem por mim

sorria pra mim
minha cabeça voa
vou esquecer
vou longe
vou sumir
quando for levarei chuvarada

rcp

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

eu e você


as conseqüências do que faço
só problema só
mil formas de amor
mil formas pra viver
mil formas pra enxergar
eu e você

reações e relações
não aprendi como amar
não sei como fazer
eu e você

acordei já não me lembro
o álcool me deixa alto
com a tontura me encharco
eu e você

não sei o que faço
não consigo me amarrar
preciso ficar só
de mim não tenho dó

eu e você
eu e ela
eu e ele
eu em nó
eu em pó

me perdoem pelos fatos
não me arrependo pelos atos
não sei o que dizer
não tenho mais nada a perder

perdi parte de mim
sempre tive amor sem fim
dentro da minha barriga um dia teve vida
pra saber o que é dor
eu passei pelo terror

você pouco sabe quem eu sou
nem tudo meu peito falou
me julga me castiga
sempre vou ser sua amiga

eu e você
eu e você
eu e você

eu só quero viver
sem ter que temer
vem aprender comigo
a vida não pode ser um castigo

vou parar
vou pensar
quem sabe alguém entenda
e assim se faz a lenda


pordoe-me

terça-feira, 18 de novembro de 2008



das muitas flores do meu jardim
raiva de mim
raiva de mim
raiva de mim

fiz o que pude
de todas as maneiras tentei
não sei
não sei
não sei

uma rosa que nasce
morre
o que morre
fica na lembrança

a lembrança nunca morre
fica escrita
maldita
maldita
maldita

oh linda rosa que cultivei
nunca mais verei
terei
terei
terei

rcp

cheio de vazio


ganho espaço
vou sumindo

espaço que não ocupei
não se preocupe

tenho amor
tenho o mundo

tenho você
e posso viver


rcp

domingo, 9 de novembro de 2008

entremimemigomesma


me sentia uma otária
mas quem liga pra porra da ordem dos fatos
se você me ama estamos acertadas:

conversa entre a toupeira e a coruja.


me iludi com teu cheiro
me perdi no chiqueiro
percebi que estava enganada:

conversa entre a galinha e o porco.



ai que dor de cabeça:

conversa entre o prego e o martelo.



rcp:

conversa entre mim e migo mesma:

conversa entre eu e eu mesma.

suor sangue cheiro e pele
calor dor prazer

a
b
i
s
m
o


queda solidão mal estar

corda pra se enforcar

acorda pra desmoronar

levanta e vai dançar

a bailarina que tem medo do ar
se gruda no chão e começa a chorar
sorri de tristeza
se arrasta ao pé da mesa
e fica lá
ninguém vai juntar

uma tela inteira
de brancos e barrancos
rasteja rasteja

a bailarina se contorce
rola enrola
vira a mesa de pernas pro ar
rasteja

tampo da mesa e bailarina
barco e chuva
correnteza

aparece doce assoprador
assoprando notas ao vento
vem voando com velocidade
vem falando de felicidade

bailarina não diz nada
não tem mais palavras
felicidade conheceu
e nunca mais viu

rcp

coração sem cor nem canção


domingo e angustia
pedras penduradas no pescoço
tarde vazia

fogo queimando na lembrança
aguentando firme no osso
nenhuma vela de dia

o pulmão se enche e esvazia de nada
a suave dança da fumaça fez a cabeça e o rosto
feição de monotonia

sua pele agora está fria
estou no fundo do poço
ficou distante e meu sorriso não é de alegria

rcp

quarta-feira, 5 de novembro de 2008


os pais...

os pais!

os pais?

o país. a nação! a sociedade?

as regras

a familia

o sexo. os filhos. os pais!

todo dia

esta horrível olhando pra essas pessoas

mas olhando pra ti vejo um mundo bonito.

olhando para os meus amigos.

e para o meu amor

entendo

esqueço o egoísmo de um pai de um país

nele tem flores e dor

nele tem amor tem violência

mas não existe certo e errado

maischuvamassembrilho


mais chuva mas sem brilho
queria todos esses tentáculos de fazer mil coisas
prendem mais que tê-los menos
debaixo d'água danço em câmera lenta
vendo a música em cores e sem som

me angustia a proximidade dessa distância
enquanto aspiro se faz incandescente
assopro nuvens e passo pra frente
o toque que cola depois passa
o contato de uns segundos
mergulhando profundo
na escuridão da presença do desconhecido familiar

a língua obedece seu mandante
o toque que falo é de pele
o profundo é do teu peito
ser de carne e osso
amizade de um homem
amor daquela mulher
flor de carne
arma de osso

flor de carne
arma de osso

mais chuva mas sem brilho
molha a carne viva
mata no mato com osso e com tato
corta a carne e lambe a seiva vermelha
no céu cinza mais chuva mas sem brilho

a flor é vermelha
a arma é branca

a cabeça enrosca
fala alto
sai do rumo
perde prumo
exalta cor
sobe o sangue

acelera o coração
palpita no dedo da mão
sua no peito
frio na barriga
cabeça nas nuvens

trava língua
embrulha o estômago
seca a boca
treme os dentes
embaça a vista

relaxa o corpo
abandona a mente
fecha os olhos
dorme pra sempre

rcp