quarta-feira, 5 de novembro de 2008

maischuvamassembrilho


mais chuva mas sem brilho
queria todos esses tentáculos de fazer mil coisas
prendem mais que tê-los menos
debaixo d'água danço em câmera lenta
vendo a música em cores e sem som

me angustia a proximidade dessa distância
enquanto aspiro se faz incandescente
assopro nuvens e passo pra frente
o toque que cola depois passa
o contato de uns segundos
mergulhando profundo
na escuridão da presença do desconhecido familiar

a língua obedece seu mandante
o toque que falo é de pele
o profundo é do teu peito
ser de carne e osso
amizade de um homem
amor daquela mulher
flor de carne
arma de osso

flor de carne
arma de osso

mais chuva mas sem brilho
molha a carne viva
mata no mato com osso e com tato
corta a carne e lambe a seiva vermelha
no céu cinza mais chuva mas sem brilho

a flor é vermelha
a arma é branca

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